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sábado, 11 de junho de 2011

O Tempo Destrói Tudo II

Cena do filme Irreversível de Gaspar Noé

Sinapses!

Sinapses são as regiões de comunicação entre os neurônios, ou mesmo entre neurônios e células musculares e epiteliais glandulares. Sinapses nervosas são os pontos onde as extremidades de neurônios vizinhos se encontram e o estímulo passa de um neurônio para o seguinte por meio de mediadores físico-químicos, os neurotransmissores.

Imaginemos que somos todos neurônios, e todas as vezes que nos encontramos - esbarramos, debatemos - por qualquer motivo que seja, acaso ou destino, fazemos sinapse. Ou seja, todos os dias quando falamos ou mantemos contato com outros seres, independente da natureza, nos comunicamos. Passamos uma informação para frente que irá ser passada adiante de acordo com a importância que cada um de nós (neurônios) damos à informação em questão. Isso nos diz que, assim como os organismos ou partes que habitam em nós trabalham - ainda de uma forma um pouco diferente - o mesmo é o que nós fazemos, em resumo: nos comunicamos, criamos e compartilhamos.

Talvez não esteja bem claro onde quero chegar mas, o princípio é o seguinte: somos uma rede interligada que une-se involuntariamente, ou voluntariamente para construir informação, e nesta informação está inserido o conhecimento, a cultura, a política, e, em geral, as ideologias que um ser humano possui. Ideologias essas que são alimentadas por outras informações que chegam ou que chegaram antes de nós termos conhecimento de nossa própria existência.

O fato é, se pensarmos em microcosmos, talvez poderíamos ter uma idéia macrocosmica das coisas. Até hoje nos perguntamos de onde viemos e para onde iremos. Quem criou o universo? A que serve a nossa existência? Que energia alimenta toda a vida na terra e o funcionamento do universo? Pois bem. Se você quer saber como será o futuro, deve viajar no tempo em direção ao futuro, para quando voltar, ter uma noção do que lá adiante ocorrerá. E penso que se nós queremos ter uma idéia do que pode ser maior do que nós mesmos, deveríamos nos colocar no lugar de um ser que é maior do que aquilo que o compõe.

Exemplificando melhor, pensaria eu então como um neurônio - veja que redundância, mas enfim - se "eu" neurônio tivesse consciência do meu universo, eu saberia que nasci, e durante minha existência me prestei a passar informações adiante através de sinapses para outros neurônios. Eu, como neurônio, não saberia onde essa informação iria chegar, mas saberia que em algum lugar iria, e, possivelmente ainda, essa mesma informação que encaminhei, retornaria para mim de uma forma reciclada. Agora, eu, pensando como ser humano, sei que essa informação que os neurônios transmitem são passados para que meu corpo e meu cérebro trabalhem, na maior parte das vezes, sob a minha vontade.

Em suma, simplesmente, talvez, a razão de estarmos aqui seja a mesma de nossos neurônios. Puramente passar adiante, deixando para a posteridade um legado de informações que modificam-se lentamente através dos tempos de acordo com as necessidades de cada época que se vive. Pode ser que eu seja questionado sobre qual o motivo final de tudo isso. Quem sabe seja, também, assim como os neurônios, realizar a movimentação de uma máquina muito maior, para a qual nós não temos consciência que trabalhamos.

Ainda assim, se por um lado o tempo destrói, provavelmente haja, nesse processo destrutivo, a necessidade da destruição como um equilíbrio contínuo para que se possa ver renascer no futuro a continuidade que, no passado deste futuro, nos foi, por necessidade - de adaptação ou por falta de opção - obrigatoriamente retirado.

"Fato é que seremos criados, destruídos e reciclados. Se teremos consciência desses processos ou não, além de irrelevante - não para nós, mas para o universo - permanecerá uma incógnita até que se prove o contrário"


2 COMENTE AQUI:

Unknown disse...

Gostei. É um pouco sobre o que conversamos frequentemente. Acho que o universo é uma teia com ligações bem maiores do que talvez possamos, como seres humanos, imaginar. Inclusive a nossa incapacidade de conhecer certas coisas dá-se justamente por isso: por não saber o nosso poder de alcance de certos feitos. Ou certas "informações", como preferir.

Yuri Raskin Pospichil disse...

Gosto dessa ideia de que somos parte de um sistema muito maior e que mesmo inconscientemente servimos para o funcionamento de uma máquina complexo chamada vida. Muito além da nossa vida, a vida do cosmos, mãe de todos os seres que conhecemos e também dos que nem temos consciência de existirem.

Está saindo um belo filósofo hein Sr. Rogers! ^^

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