Páginas

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Suicídio


Nesta noite afagar-te-ei os cabelos.
Deitar-me-ei sobre a ferida aberta
afim de esmagá-la impiedosamente.

Contar-te-ei o que fizeste
com o intuito de difamar teu nome em vão
Buscar-te-ei, oh sol,
Queimando-te feito como carvão

Nesta noite ser-te-ei cruel
vendendo minha alma por trocados,
atirando-te as moedas na face.

Começarei despindo-me do pudor
até que despir-me-ei de minha própria pele.

E que morra em carne e osso.

Matando-me mais rápido
ao matar-te lentamente,
e silêncio.

Nesta noite roubar-te-ei a vida
ao roubar-me, a minha.


Por: Robson Rogers

4 COMENTE AQUI:

Unknown disse...

Sabe aqueles textos que ficam no rascunho? Esse é um deles. Texto antigo, mas achei que valia a pena postar.

Unknown disse...

Sucumbido. Entregado. Morto.

Mas uma Morte que, ao invés de completar-se com a Vida, completa-se com outra Morte.

Gostei.

Te amo, bjo.

Yuri Raskin Pospichil disse...

"...Nesta noite roubar-te-ei a vida
ao roubar-me, a minha."

Imagino a cena com facilidade.
No mais maravilhoso estilo europeu do século XVIII.
Trágico, inflamado, apaixonado e vingativo.
Tem algo de Oscar Wilde, talvez essa fugacidade e intensidade latente, tudo sem perder a beleza, mesmo nos atos mais sórdidos.

Veri disse...

Hmmm...um contemporâneo que usa mesóclise... Gostei.

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...