I
De olhos fechados deixo a música me invadir
Emocionado pelo suave toque de seus dedos.
As teclas que rápidas se movimentam
E formam a nossa mais bela melodia.
"Por onde esteves?" Ela me pergunta.
Onde minha alma estava que só agora voltou?
Silêncio.
"Estou aqui", me diz a voz.
Toco meus dedos suaves no piano
Enquanto evito olhar-te atrás de mim
De pé, observando-me.
Lembra dessa?
"Veja como é tão..."
"Eu jamais poderia esquecer.
Esperei mil anos para poder tocá-la."
"Venha, feche seus olhos junto aos meus
Não fale nada, apenas escute.
E tocarei mais um pouco daquele doce som
O doce som que saem de suas, de minhas mãos."
Somos nós, mais uma vez...
"Você estava atrasada, sabia disso?"
"Sim, Você também estava."
"Feche os olhos e escute.
É a nossa música."
"Toda vez que ela tocar eu vou estar perto de você.
Toda vez que ela tocar, você estará comigo."
II
Quero chorar.
Fechar meus olhos e nunca mais abrí-los.
Quero apenas ouvir o tocar daquela doce melodia
Rá, como se você soubesse tocá-la.
Como se fosse ser tão sensível a ponto disso.
De saber como tocar suavemente cada tecla.
Cada nota.
"Escute."
É o tocar do piano.
Aquele que não quis aprender a amar
Aquele que não soube como lidar.
Veja como hoje dele saem lindas notas,
Notas que jamais serão criadas a partir de seus dedos.
Notas esquecidas, deixadas para trás,
Notas que você não quis aprender.
Veja o que sobrou,
Uma sala vazia, e cheia.
Cheia de recordações.
"O piano? eu o levei..."
Pois é. Hoje aprendi aquelas notas.
As notas que toco, compondo a mais bela das melodias.
Melodia que só faço nascer por mim, ...para mim.
Mais rápido, mais lento.
Frenético.
Percebe que o toque de suas mãos não são mais os mesmos?
Percebe?
Que já não há suavidade.
Pois é...
Perdeste o dom!
(Se é que se pode perdê-lo)
Mas não importa.
Ainda lembro da canção.
Lembro da suavidade do toque
E da esperteza das mãos.
Antes ávidas.
Hoje, tão... mortas.
Uma melodia que se eternizou dentro de mim
E ecoa...
Grita!
Cada vez mais eufórica.
"Escute-me!"
"ESCUTE-ME!"
III
Será Debussy?
Vaguei...
Sujei minhas mãos.
E jamais irei me perdoar
Sujei tuas mãos...
Quero morrer por isso.
Ser levado.
Não, não...
Quero que você esqueça.
Desapareça.
Pense que só fui um sonho. Uma ilusão.
Finja que não existo.
Sim.
Eu não existo...
Existo?
Silêncio.
Somos livres!
É, somos livres sim. Veja como isso é maravilhoso.
Veja como isso é digno, é...
É viver!
É...
Sim...
Você talvez tenha razão.
Talvez não seja o bastante.
Talvez liberdade não seja o bastante.
Talvez falte.
E Sobre.
Sim,
Eu sei,
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Texto antigo que resolvi trazer à luz.
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