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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Descrença poética?


Confesso que me parece não haver pessoas que não tenha conhecido
Lugares que não tenha andado, sentimentos que não tenha sentido.

Observo cada olhar na busca de uma incógnita que me faça afeiçoar,
Imaginando, quando a encontro, até que ponto,  seria lá uma verdade poética,
Ou uma mentira lúdica, a cintilar.

Afinal, a que lugares poderia ainda esta vida me levar, que eu já não tenha visto?
E quantas faces mais em confronto me colocaria?

Na cabeça, vivem as dúvidas e dissimulações de quem não quer mais ver:

Até que ponto podemos ser dignos de poetizar, dando significados terrenos ao divino,
Que um dia temo desmoronar, rasgando o fino pano vermelho, divisor da arte e de sua verdade.

Aplaudir? Já não dá mais.

O fato de cada vez mais exaustos, temermos o dia em que nada se encontrará.
E o medo de crer tornar-se-á, então, o maior de nossos pecados.

A arte da platéia, que não mais encanta-se com o show, por sabê-lo finito,
Esquecendo-se de vivê-lo para pensar no amanhã que, antes de incerto, é vislumbrado por nossos olhos doentes, construído por nossas mãos calejadas, e distribuído por nossas vozes fracas.


"Até onde somos responsáveis pela nossa realidade e ela por nós?"

Canso-me de tentar descobrir...


5 COMENTE AQUI:

Ayanne Christine Vieira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ayanne Christine Vieira disse...

Grandão, sua escrita cresceu tanto desde que nos conhecemos. Parabéns, meu amigo! De verdade.

Sabe, a angustia, o desejo, a paixão, a frustração e a dor são elementos motivadores para a imaginação que, por consequência, é o que nos faz criar a realidade que nos rodeia porque toda realidade é subjetiva e a "verdade" está longe demais do nosso alcance (putz, não somos Thundercats para pedir visão além do alcance... hahahaha). Esses sentimentos são frutos das experiências que vivemos e, para mim, só podemos dizer que "vivemos" devido a intensidade dessas experiências, que são tão boas quanto são ruins e tudo ao mesmo tempo. O "desconhecido" sempre me foi muito atraente, chegar num lugar onde ninguém nem sabe seu nome e que todas as possibilidades estão disponíveis é uma sensação de aventura intensa e o confronto com o medo é uma verdadeira batalha... Enfim, adorei esse texto, me fez refletir tanto e isso é bom, muito bom!

Parabéns Grandão!
Beijos enormes =*

Yuri Raskin Pospichil disse...

Uso uma frase de Nietzsche para comentar tuas linhas: "O primeiro passo para tornar-se crente é aceitar-se como cético."
Pois a vida sempre encontra uma maneira de mostrar-se surpreendente nos momentos em que menos esperamos.
Em compensação se esperarmos encontrar beleza a todo momento, ela acabará por se tornar algo corriqueiro, morno.
Bom, é minha opinião.
E te conhecendo o tanto que conheço,Rogers; Posso afirmar sem sombra de dúvidas que tu mais do que ninguém tem o dom de encontrar novidades e belezas em lugares pouco prováveis. ^^

Grande abraço!

Unknown disse...

Pequena, o desconhecido me atrai muitíssimo, assim como me causa um leve temor, que é o tempero de toda a coisa. O problema é não mais surpreender-se com as coisas após aparentemente decifrá-las. N passo por nenhuma crise no momento e isso gera conflitos de curiosidades (veja só que contraditório) pois sinto-me sereno demais para sentir/perceber aquelas novidades e descobertas tão excitantes e me pergunto se isso é normal com o contar das primaveras... enfim.

Yuri, sempre com uma frase chave na manga, hein? Imagino o quanto preto e branco ficaria meus pensamentos sem tuas palavras que me fazem quebrar a cuca e divagar a respeito de suas possíveis verdades. Sabe, n busco ou espero encontrar belezas a todos os instantes, mas sim busco algo que me surpreenda, e nos últimos meses isso não tem acontecido. Talvez eu pense que saiba mais do que sei, talvez observe demais a natureza das coisas e acredite que de uma certa forma as reações se repetem depois de alguns anos. Sinto medo de permanecer sereno, sem estados oscilatórios, com pelo menos alguma frequência. Nem mesmo a morte, uma de minhas maiores razões conflituosas está me assustando. Tudo me parece tão natural e orgânico que sinto-me indiferente às questões, ainda que de certa forma, as vezes curioso com uma ou duas coisas. Enfim, fases (assim espero). Só me diga uma coisa, por que acredita que eu encontre belezas em lugares pouco prováveis?

Yuri Raskin Pospichil disse...

Basta olhar o teu blog. Escreves sobre os mais variados temas. E sempre captando o que há de mais belo em tudo. Só pessoas com a tua sensibilidade são capazes de encontrar essas flores no deserto.

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