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quinta-feira, 3 de março de 2011

Carnaval

Torre de Babel de Bruegel: utopia não concretizada

Não sei exatamente o motivo de eu não gostar de carnaval, mas creio que o carnaval vem a calhar com o momento que estamos vivendo, "A Crise do Modernismo". Entretanto, a crise do modernismo já existe há quase meio século e agora a denominam de Pós-modernismo. Uma palavra que me persegue, atrelada ao ar que eu respiro.

Já é hora de acabar com essa fase e passarmos para a próxima. Independentemente da existência de carnavais, temos que repensar seriamente o que os signos representam em nossa vida e reeducarmos os seres humanos quanto ao verdadeiro significado, e respeito, às palavras devoção, prosperidade, beleza, amor, caridade, fé e até mesmo à própria palavra respeito. Afinal de contas, o que somos aqui, nessa rede interligada? A que nos prestamos?

Somos freqüentadores e usuários de blogs, fazemos comentários, assinamos petições on-lines, participamos de movimentos, compartilhamos idéias e ideais, compartilhamos coisas e coisas, e a verdade é que só fazemos números. Números para nós mesmos.

Estamos em um momento em que o ser humano volta-se para si mesmo e apenas para si. Não se vê mais união e nem se entende o verdadeiro significado da palavra e do ato de unir-se a algo ou alguém. Não se compreende as seriedades. As amizades são compartilhadas, os livros, as músicas, as coisas em geral, as pessoas e os sentimentos. O que queremos com isso? Perguntarei novamente: O que pretendemos com isso?

Não passamos de escolas de samba desfilando na avenida com a esperança de melhores notas, votos e merecedores de atenção. A causa- independente de que causa for - em si, não parece mais importar. Existimos por uma desculpa que damos a nós mesmos de que temos que fazer algo por outro algo, quando na verdade só o estamos fazendo por nós e nossas precárias convicções.

Posso não gostar do carnaval como o é aqui no Brasil, mas, de certa forma, ainda que também já tenha perdido o seu verdadeiro significado, creio que seja a forma mais pura e despida de falsas pretensões. Talvez, o mais próximos que chegaremos a fazer, realmente, pela livre expressão.

Não faz crescer a nada útil ao amadurecimento organizacional e deveres de uma sociedade, mas também não os destrói, como fazemos nós, as vezes, cedendo falsos votos ao apoio de algo melhor. Banalizamos o ato de amar, de sentir, de lutar, de protestar, de criar. E o carnaval assim o faz, mas infinitamente de forma menos venenosa. Banaliza o que já foi banalizado. É pura diversão para quem gosta. Livre de preocupações, ideologias. Onde não existe um passado nem um futuro. Somente o presente. Sem falsas pretensões. É o que é.

Assim, creio que descubro no final deste post que não gosto do carnaval- o carnaval que conhecemos hoje - por ele retratar o que há verdadeiramente em nós. Nos fantasiamos para mostrar o que realmente somos e nos desfantasiamos para voltarmos a nos fantasiar e sermos aquilo que pensamos ser: seres polidos, íntegros e de ideologias de prosperidade e amadurecimento.

O carnaval é uma das épocas mais tristes do ano, pois me leva a crer que não chegaremos muito longe, justamente pela falta de adaptação à verdadeira realidade que nos cerca e à verdadeira necessidade de modificação que nos é solicitada.

Temos um sistema interligado que se chama internet e não o usamos nem na medida de 0,1% para algo verdadeiramente glorioso. Vivemos em um universo digital nos escondendo de nossas obrigações. Um sistema de unificação ineficaz devido à desunificação dos seres que se compartilham, por ser mais importante a imposição de seus fragmentos aos outros do que a aglutinação da essência.

Como disse: não passamos de um Carnaval. Ou pior, um carnaval venenoso e com conseqüências.



2 COMENTE AQUI:

Unknown disse...

Simplesmente respondam aos 4 pontos de interrogação. Se puderem.

Unknown disse...

E ele só é perigoso por um único motivo: porque traz à tona os sentimentos humanos da liberdade, desopilação e dos excessos. Como nada disso é natural, e sim reprimido, logo, não é com dificuldade que vejamos a destruição cultural que acaba por acarretar.

Antes de resposta, teu texto é complemento ao meu.

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