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sábado, 8 de agosto de 2009

Sentir. Diferente de Ser!

Ser e Sentir. Dois verbos que começam com a letra S de Saber. Dois verbos que nos tiram fora do eixo e nos colocam para fora de nosso juízo. Dois verbos que deveriam andar de mãos dadas. Deveriam se comunicar.

Nem tudo que se é, se sente, e nem tudo que se sente se é.

Uma vez uma psicóloga perguntou para seu paciente se ele tinha se sentido amado pelos seus pais. O paciente, com paciência, parou para pensar e respondeu que "sim", havia sido muito amados pelos pais. A psicóloga parou e refez a pergunta dizendo "não lhe perguntei se tu foi amado. Lhe perguntei se te sentiu amado".

Uma coisa é saber o que os outros sentem. O que até de certa forma já é um equívoco, pois nunca se saberá ao certo se a pessoa sente mesmo o que pensamos que sinta. Outra coisa diferente é sentirmos o que os outros sentem por nós.

Tem gente que sente amor por você, sente afeto, carinho, raiva, rancor, mágoa. Você pode saber se uma pessoa sente se ela lhe contar. Ou pode não saber se não lhe contar. Porém, ainda assim, pode sentir o que os outros sentem por ti, mesmo que estes nunca venham a falar. Assim como pode não sentir mesmo que confessem o que sentem.

Entre o Ser amado e o Sentir-se amado há um verdadeiro buraco negro.

E o Saber? Onde fica o Saber?

Não engane-se se você respondeu que se sabe ser amado quando se sente o amor. As vezes sentimos o amor de uma pessoa por nós mas não o sabemos pela falta de sensibilidade para percebê-lo.

A vida é uma inconstância que se repete. Você pode dizer que não saberá o que vai ser do teu futuro. Mas provavelmente já viu partes da sua vida exemplificadas por vidas alheias. Pode não Saber, não Sentir e não Ser, mas nossa vida terá até o final de nossos dias traços característicos da vida de outros.

Um dia o paciente voltou ao consultório da psicóloga e disse "Não, eu não me senti inteiramente amado por meus pais... me senti cuidado". No instante em que disse isso sentiu uma culpa profunda. Como se estivesse negando todo o amor que recebera de seus pais. Afinal, o paciente sabia que havia sido amado. E muito!

Hoje, depois de algum tempo, o paciente Sabe, É e se Sente amado pelos pais. Sabem por quê? Porque chegando em casa ele conversou com seus pais e eles o abraçaram. A partir daquele momento ele conseguiu sentir todos os gestos de cuidado dos pais como gestos de amor. Não apenas saber, mas Sentir!

Você pode não saber do seu futuro, mas mesmo que se passem anos, ainda irá se perguntar porque existiram pessoas na tua vida que te amaram em silêncio. Porque existiram pessoas que te fizeram se Sentir amado e negaram esse amor. Ou porque você amou e não conseguiu fazer alguém sentir esse amor...

Se as pessoas soubessem Saber, Serem, Sentirem-se amadas, as coisas ficariam mais claras. Duvido que alguém que se Sinta amado tenha coragem de abandonar seu amor.

Mas não. O mais cruel não é a dúvida do Saber, do Ser, do Sentir.
O pior é a certeza de saber-se amado, ser amado, sentir-se amado, e, mesmo assim, ouvir o peso silêncio do Não.

Ainda estamos tão longe...

Ainda há de se aprender a Saber amar e a Sentir o amor!
Só assim todos nós poderemos de fato chegar em algum lugar...
Antes não.


2 COMENTE AQUI:

Yuri Raskin Pospichil disse...

Simplesmente lindo!
Me lembrou o trecho de uma música tocada por uma banda brasileira dos anos 70 chamada Casa Das Máquinas, o trecho era algo como:

"E é por isso que eu faço força pra acreditar:
Que o homem um dia vai evoluir pra poder amar
E amar muito mais pra poder evoluir..."

Essa diferença entre o "ser" e o "sentir" é algo que me martela a muito tempo, quem me conhece um pouquinho já ouviu de minha boca a seguinte frase alguma vez.."Eu não sou, eu me sinto...não poderia me definir como sendo feliz se existem dias que me sinto triste..por isso eu me sinto feliz da mesma forma que posso me sentir triste"...
e isso pode se aplicar a tudo...Ser implica plenitude..e para alcançar esse equilíbrio ainda precisamos evoluir muito!

Obrigado por algo tão lindo em um dia que "me sinto" tão triste!! =)

Unknown disse...

Yuri, eu que agradeço poder ter chegado em minhas mãos a tua resposta tão belamente engarrafada.
Obrigado você, por ter divididos teus pensamentos comigo num dia que "me sinto" tão triste também.

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