Perca-se

Queria falar que não há nada errado em perder-se.

O que seria de mim se perdido nunca fosse estar?

Por onde iria vagar?

Nos mesmos caminhos?

Nas mesmas estradas?

Perco-me para chegar onde quero estar.

Fora da rotina.

Fora deste mundo por onde andei a percorrer as mesmas trilhas.

As mesmas linhas.

Perco-me não porque perdido quero ficar.

Mas porque outras lavouras, outros campos quero percorrer

Para sozinho, aflito, em nervosismo entrar.

E o medo temer.

Perco-me e de canto fico inseguro, sem saber por onde voltar

Com que mulheres e homens irei topar?

Queria falar que não há nada errado em perder-me.

Afinal, como se achar sem antes perder-se?

É perda de jogo quando não se há jogado

Perder-se é andar sem conhecimento.

Achar o que não se procura.

Desvendar moinhos de vento.

Perco-me por tudo, mas principalmente por nada

Porque o melhor de tudo em perder-se está em nada esperar ao perder-me

Porque perder-me me leva a encontrar outros perdidos

E o mais belo em perder-me está em perder-me em par

E nele me perder

E juntos buscar

Perco-me para não perdido permanecer

Porque perder-se em par faz do pesadelo uma aventura

A aventura em busca da procura

Do ouro.

De um sentido.

Um universo fascinante em demasia para não compartilhar

Não percorra caminhos traçados quando há trilhas a trilhar

Queria falar que não há nada errado em perder-se.

Que graça há na vida se não nos colocarmos à prova sem querermos estar?

E quando quiser uma companhia para perder-se...

Me chame!

Para nos perder-mos da melhor forma que há:

Sem esperar

Sem perceber

Muito menos imaginar

Simplesmente assim:

Sem querer estar...

Por: Robson Rogers