Coma

Todos os dias acordo como se estivesse saindo do coma.

É um recuperar de consciência, de existência.

Primeiro começo a escutar alguns sons, muito abafados.

Lentamente começo a perceber que estou dormindo, acordando.

Primeiramente recupero a sintonia com meu próprio ser.

Sinto que ainda respiro, que ainda ouço.

Aos poucos os sons vão se tornando mais interpretáveis.

Já posso perceber a lógica da coisa.

Meu corpo sobre o lençol se torna mais palpável.

Já percebo estar deitado, coberto...

Mas onde estou? Quem sou?

O que sou?

Aos poucos vou me recordando de mim.

Do meu nome.

De onde vim.

De quem "pertenço".

Aos poucos vou me lembrando da minha história de vida.

Será que trabalho?

Estudo?

Seria eu casado?

Pai?

Cada informação me é "re-informada" em questão de segundos.

Quais são meus traumas?

Meus gostos?

Desejos?

O que me deixa feliz?

Então me percebo lá, deitado!

Mas onde mesmo?... Ah! Na minha cama. Eu tenho cama.

Está na hora de acordar.

O olho está grudado, parece não querer abrir-se para ver.

Acho que ele sabe o que vai ver.

O mesmo quarto. A mesma vida.

"Levanta!" digo eu para mim mesmo.

Abro os olhos e olho ao redor.

Lentamente eu os fecho.

Depois os abro e volto a fechar... volto a abrir...

A consciência cada vez mais ciente.

O cheiro do meu edredom me aconchega.

Aquele cheiro de sono, que nos embriaga e faz adormecer de novo.

"Acorda!"digo eu para mim mesmo.

E eu abro os olhos.

Me estico.

Bocejo.

Agora ciente de tudo!

Do lugar, de mim, de vocês...

É assim todos os dias.

Um despertar de um coma.

Um renascer.

Graças a Deus, um merecer!

Por: Robson Rogers